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Não devemos julgar... Será?

28 de março de 2011 § 2


Recentemente, em uma reunião com amigos, debatendo sobre as posições e ações de algumas lideranças religiosas, se eram aprováveis ou reprováveis, surgiu o conceito: Não devemos julgar. Logicamente não concordo com tal pensamento e pesquisando pela blogosfera encontrei este excelente texto: Devemos julgar? Por Ruy B. Marinho do Blog Bereianos.

Não julguem, para que vocês não sejam julgados.” Mateus 7:1 - NVI 
Em primeiro lugar deixo claro que aqui JESUS claramente proíbe o julgamento. Mas a grande questão é se JESUS proíbe qualquer julgamento ou somente certo tipo de julgamento. O versículo 1 por si mesmo não nos dá uma resposta para esta pergunta. Por isso temos que aplicar uma regra fundamental para poder interpretar a Biblia. Analisar sempre o contexto da passagem citada para poder saber de que se trata a mesma, pois sabemos que texto fora de contexto é um pré-texto para formar até mesmo uma heresia.

Aqueles que citam esta passagem isoladamente para dizer que não devemos julgar ninguém e ser tolerante estão gravemente equivocados.
Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês. Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.Mateus 7:2-5 - NVI 
Analisando o contexto podemos ver claramente que JESUS proíbe especificamente o “julgamento hipócrita”. Jesus diz aos judeus no versículo 1 que eles não devem julgar. No versículo 2, ele dá a razão pela qual eles não devem julgar: o padrão que eles usam para julgar os outros será o mesmo padrão que os outros usarão para julgá-los. Eles não devem ignorar seus próprios pecados, enquanto condenando os mesmos pecados nos outros. Fazer isto é julgar com um “padrão Duplo”, ou seja, julgar hipocritamente.

Não é hipócrita condenar o irmão por uma pequena falta, ou mesmo tentar ajudá-lo a sobrepujá-la, quando você mesmo é culpado de uma falta maior? Esta é a grande questão que JESUS estava colocando diante do povo nesta passagem.

Mateus 7:1, de acordo com o seu contexto, não proíbe todo julgamento e intolerância, mas somente o julgamento e intolerância hipócrita. De fato, ele requer de nós que, após nos arrependermos dos nossos próprios pecados, condenemos o pecado do irmão como pecado, e ajudemo-lo a se voltar dele.

Jesus ordena uma intolerância genuína, e não hipócrita, do pecado que o irmão comete.
Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: "Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela".João 8:7 - NVI
Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado".João 8:10-11 - NVI
Os defensores da tolerância usam estas palavras para argumentar que ninguém deveria condenar outras pessoas, pois não é melhor que elas.

Embora explicaremos o que significa julgar em maior detalhe mais tarde, estendamos por ora que, quando alguém julga, ela dá um veredicto: Culpado ou inocente. Após ser julgada, a pessoa é sentenciada: A pessoa culpada é condenada (sentenciada ao castigo) e a inocente é liberta. O ponto é que julgar e condenar são duas coisas distintas, relacionadas, mas não idênticas.

Tendo isso em mente, note que Jesus de fato julga esta mulher, mas não a condena. Ao dizer-lhe “vai e não peques mais”, Jesus indica que ela tinha pecado. Em si mesma, a acusação dos fariseus estava correta, e Jesus julgou o pecado como sendo pecado. Isto mostra intolerância pela ação pecaminosa! Seguindo o exemplo de Jesus, devemos dizer aos pecadores que mostrem arrependimento genuíno não mais cometendo pecado.

João 8:7 e 11 nos ensinam como tratar com outros que pecam. O versículo 11 nos ensina que devemos desejar o arrependimento do pecador; o versículo 7 nos ensina que não devemos fazer isso hipocritamente, nem com motivos errôneos ou de uma maneira imprópria. Contudo, a passagem não quer dizer que nunca devemos considerar as pessoas responsáveis por seus pecados ( isto é, julgar o pecado como sendo pecado).
Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos.João 7:24 - NVI
Ao dizer “não julgueis”, Jesus não pretende proibir o julgamento como tal, mas proibir certo tipo de julgamento, como a parte positiva deste versículo deixa claro. Podemos julgar, mas quando o fizermos, devemos julgar justamente.
Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo. Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer. Pois, como haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devem vocês julgar os que estão dentro? Deus julgará os de fora. "Expulsem esse perverso do meio de vocês".1 Coríntios 5:9-13 - NVI
1 Coríntios 5 é um capítulo importante com respeito ao dever positivo de julgar. Primeiro, no versículo 3 Paulo declara, sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em Corinto que estava vivendo no pecado da fornicação.

Segundo, nos versículos 9-13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as pessoas que estão dentro da igreja, quanto a se eles estão obedecendo ou não a lei de Deus. Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da igreja, mas que são julgados como sendo impenitentemente desobedientes a qualquer mandamento da lei de Deus (vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar pecadores impetinentes.
Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom.1 Tessalonicenses 5:20-21 - NVI

Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.1 João 4:1 - NVI

Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!Gálatas 1:9 - NVI 
Algumas passagens da Escritura parecem proibir o julgamento, enquanto outras claramente exigem isso. Estudando os contextos daquelas que parecem proibir o julgamento, descobrimos que o que é proibido não é realmente o julgamento em si, mas sim um tipo errôneo de julgamento. Deus odeia o julgamento hipócrita! Mas Deus ama o julgamento justo da parte dos seus filhos. Que ele ama isso é claro a partir do fato de ordenar que o pratiquemos, e de ter dado sua lei como um padrão pelo qual podemos cumprir tal mandamento.

Portanto, é dever de todo Cristão Julgar! Mas este "julgar" não significa fazer injúrias, calúnias ou fofocas sobre a pessoa que está no erro. Se vemos que alguém está se desviando do Evangelho ou pregando heresias, o nosso objetivo principal deve ser alertar, repreender, exortar e conduzir o pecador ao arrependimento e a restauração. Caso a disciplina seja indispensável, ela deve ser feita com seriedade, amor e tristeza, sempre objetivando o arrependimento, e não a condenação eterna do pecador. E com muito temor também, afinal, não somos pessoas perfeitas e ninguém deve ser julgado ou condenado injustamente. E também é nosso dever estar alertando ao Corpo de Cristo sobre determinadas heresias que porventura continuam a ser pregadas e os autores da mesma não querem dar ouvidos.
Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado.Gálatas 6:1 - NVI

Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos.2 Timóteo 4:2-3 - NVI
Créditos: alguns textos retirados do livro:
"Julgar, o dever do Cristão" – Rev. Doug Kuiper

Livro: Ortodoxia, G. K. Chesterton

24 de março de 2011 § 0


Há um tempo, me interessei pela apologética, acidentalmente, sem saber o que era. Participava de um fórum de jogos, onde conversávamos sobre diversos assuntos, dentre os quais eu mais gostava estavam aqueles que geravam polêmica. Como já é de se esperar, discussões sobre religião, volta e meia apareciam. A grande maioria dos participantes eram jovens e ateus, sempre dispostos a atacar a fé cristã e escarnecer quem fosse que a defende-se. Em minhas primeiras tentativas de defesa fui ingênuo, tentei expressar minhas experiências pessoais, não deu muito certo, péssima escolha para um debate com um ateu. Comecei a aprimorar, buscando informações pela internet mesmo, acabei encontrando alguns blogs com perspectiva cristã, como o do Luciano Ayan (na época: Neo-ateísmo, um delírio) onde aprendi métodos que me ajudaram muito.

Quanto mais informações eu encontrava mais a sede de aprender aumentava. Passeando por mais um blog com perspectiva cristã, dessa vez o do Eliel Viera, encontrei a resenha do livro Ortodoxia de G. K. Chesterton. O entusiasmo de Eliel em descrever o livro, considerando-o único, me chamou a atenção. Tenho de ler esse livro - pensei. Não demorou muito para comprá-lo.

Demorei um tempo para terminar de lê-lo. Eliel foi muito feliz em sua resenha. O livro realmente é muito bom, assim como também é complexo. Como ele alertou, não é recomendável a qualquer cristão, por boas vezes tive de procurar informação na internet e até mesmo voltar a ler desde o início de cada capítulo para melhor entendê-lo. Nada que tenha estragado minha aventura. Indico como um livro essencial para ter em sua estante.